TERRORISMO DO PÚLPITO E A
PREGAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Por: Pr. Ezequiel Silva

Toda forma de
terrorismo é repudiada: político, social, religioso, bélico, extremista, etc.
Porém, tem uma forma de terrorismo que está sendo muito usada, por alguns
"pregadores" nos púlpitos cristãos, que chamo de TERRORISMO DE
PÚLPITO. O que significa isso? É quando
o pregador vocifera do púlpito palavras de ordem, chavões ao seu público que: se ele não
fizer isto ou aquilo, estarão sujeitos ao fogo do inferno. Entre outras, por
exemplo: “quem não pular ou falar em línguas hoje, neste culto, Deus vai jogar
no leito”; “se você não contribuir com R$X, vai ficar doente”, e por aí vai. É cada absurdo! E o pior: alguns usam o nome
de Deus para chancelar a sua vaidade pessoal.
O Terrorismo de púlpito é
inaceitável e igualmente repudiável, pelas seguintes razões: 1) desqualifica o
poder salvífico do Evangelho de Cristo (que é "o poder de Deus para salvação de todo que crê" - Romanos
1.16), 2) atemoriza as pessoas que ouvem (Cristo mesmo disse: "a minha paz vos dou [...], não se atemorize."
- João14.27), 3) aliena o crente, 4) constrange
o ouvinte e, 5) envaidece o
"pregador".
Pregadores há
que precisam sentar e ouvir alguns anos antes
de sair pregando por aí, travestidos de imitação, “unção”, rouquidão e
roupagem de outros pregadores ditos “famosos” e não revestidos do Espírito
Santo de Deus. Não que eu seja contra os pregadores novos (deve-se começar
cedo). Entretanto, quando comecei a pregar e depois casei-me, fui diácono, presbítero da igreja, a minha
esposa me incentivou a ir com ela para o seminário, e fomos!!... Pregadores há
que precisam aprender a pregar primeiro, não só noções de homilética,
eloquência e retórica, também de educação para falar (tem uns que berram!) e
falar em público, conhecer também, o mínimo do
vernáculo (em nosso caso, a Língua
Portuguesa) para depois usar o microfone em público. Não estou excluindo o
chamado de Deus. Não! Absolutamente. Contudo, Deus chama a quem ele quer, mas cabe
ao pregador saber lidar com as ferramentas a sua disposição: 1) Bíblia, 2)
oração, 3) sabedoria, 4) o mínimo necessário de conhecimento teológico. 1) A
Bíblia está aí em várias versões, tipos e modelos. 2) A oração deve ser uma
prática de comunhão. 3) A sabedoria vem de Deus, a quem se pede ( leia Tiago 1.5) e 4)
conhecimento bíblico e teológico, é
indispensável. Como vai pregar o que não conhece. Aí diz o incauto: Mas, Jesus
falou para não se preocupar que na hora seria concedido o que falar. Pois é, se
conhecesse Bíblia e as disciplinas teológicas: homilética, hermenêutica e
exegese, não citava um texto fora do contexto. No texto em questão (Mateus
10.19), Jesus consola os discípulos, no caso deles serem presos por amor do
Evangelho, diante do juiz, onde não haverá Bíblia,
estudo teológico, etc, só oração.
Então, naquele momento seria concedido, pelo Espírito de Cristo, o que falar. E
o Salmo 81.10..., trata-se de uma poesia relembrando o cativeiro do Egito e
falando da obstinação do povo de Israel. O indicativo ali é para se encher da lei de Deus.
Há que se levar
em conta que estamos a pregar o Evangelho para pessoas do Séc. XXI: pessoas com
outras motivações, e que não veem na pregação ou no pregador, um atrativo para
aceitar o Evangelho, se não fosse a misericórdia do Senhor. O que se tem visto
e ouvido são: Mensagens de persuasão; de autoajuda; de apelo emocional
(somente), de triunfalismo (Deus vai te
dar, vai te levantar, vai tirar do
calabouço,etc.). Aí alguém diz: mas o povo quer ouvir isso. Eu digo que não: o
povo vai acostumar ouvir o que se prega. Comece a pregar a mensagem de Cruz, ou
a palavra doutrinária, edificativa, exortativa e consoladora, com as
qualificadoras acima apresentadas, e veja o resultado. AH! Mas, se não tiver um gritinho, um pulinho,
línguas, não está bom. Serei taxado como pregador frio. A experiência tem me
mostrado nesses 23 anos de ministério, 14 anos de pastorado, que mesmo nas
mensagens evangelísticas ou doutrinárias, a igreja sente a Graça e o Poder de
Deus. E quem convence o pecador é o Espírito Santo e não a mera eloquência
persuasiva do pregador. Devo dizer (por um dever de consciência) que as mensagens dos
púlpitos evangélicos tem melhorado e muito. Jovens, pregadores e pregadoras,
tem se esforçado por aprender primeiro.
A mensagem
bíblica contemporânea tem-se mostrado improdutiva, por assim dizer, por alguns
motivos: tem-se apresentado o pregador (com roupas e sapatos que mais parecem
uma estrela de cinema) e não a Cristo; tem-se trocado a sabedoria bíblica que
vem do alto pela sabedoria humana que é “terrena, animal e diabólica" (leia Tiago
3.15); tem-se preferido a mensagem
intelectual a poderosa mensagem bíblica. Poderosa aqui não se traduz em berros
e gritaria, e chavões e palavras de ordens.Paulo disse enfaticamente: “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiu
em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e
de poder...” (1Coríntios 2.4). Tem-se
esquecido da mensagem do calvário, a mensagem essencialmente bíblica, com demonstração de resultado positivo:
salvação de vidas, curas divinas, libertação, edificação, vidas consoladas e
exortadas. O que se tem trazido para os púlpitos,infelizmente, é comida de má
qualidade, arranjos homiléticos, pregações copiadas de internet, livros, etc. Ou,ainda, a
pregação que agrada aos ouvidos. Há muitos, já
se ouvia dizer: “o pregador fala o que Deus quer que ele fale e não o
que os outros querem ouvir”. Esta é a visão do autor Dennis F. Quinlaw, do livro
“Pregação no Espírito” (Ed. Betânia): “O pregador busca algo além do que a
energia humana pode produzir.” – Um pregador da
Palavra não pode basear-se na experiência de outros, se quiser pregar com
poder; tem que buscar sua própria experiência.
A pregação
contemporânea precisa mostrar que o Evangelho é novidade de vida, que ser
crente não é estar enrolado numa bandeira denominacional. Mas que é uma
transformação de vida – da velha para uma nova em Cristo. “Assim que, se alguém
está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se
fez novo.”
(2Coríntios 5.17)
(Continua)... Até breve na Santa Paz!
2 comentários:
Não tinha analisado sob esse prisma. Terrorismo de púlpito! Mas é exatamente assim. Manipulação pelo medo!
Abraços e parabéns!
Muito bom!
O medo, as ameaças e outras formas de imposição e afrontas são armas de manipulação de massas há bastante tempo.
Parabéns pelo bom texto pastor!
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